sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A visão Judaica da sexualidade

As relações físicas, tão cruciais para um casamento, estão sendo banalizadas e abordadas de forma irresponsável. As fronteiras que delimitavam a separação entre o íntimo e o público parecem não mais existir. A palavra hebraica para intimidade sexual é yichud, que significa privacidade. Esta noção de privacidade fazia com que, nas comunidades judaicas, a educação sexual fosse transmitida de mãe para filha e de mestre para aluno. Atualmente, em alguns casos, esta corrente de transmissão foi interrompida e muitos judeus desconhecem a visão judaica da sexualidade. A maioria das pessoas surpreende-se quando descobre que o judaísmo encoraja as relações sexuais entre um casal, não só para procriação, mas também para o prazer. isto, porem dentro de limites fixados pela Torah sobre "com quem e quando".
As Leis de Nidá

A maioria dos judeus conhece pelo menos os conceitos básicos das várias Leis Judaicas, como por exemplo, o shabat, o Yom Kipur. Porém, muitos desconhecem as leis da Torah que tratam das relações íntimas entre marido e mulher ou as consideram "costumes antiquados". Estas leis, tão antigas quanto sagradas, tão importantes quanto esquecidas, são mandamentos bíblicos da maior importância. Sua transgressão equivale a não efetuar a guarda do Shabat ou a não jejuar propositadamente em Yom Kipur. As leis fazem parte da categoria de Decretos Divinos, dos quais nem sempre o homem pode compreender o total significado, mas que afetam a alma em seus níveis mais profundos.
Estes Decretos Divinos proíbem, basicamente, o contato físico entre um casal durante o período menstrual da mulher, estendendo a proibição por sete dias após seu término. Ao termino destes dias, a mulher passa por um ritual chamado "Micvê" banho da purificação. Após esse banho, o contato íntimo entre o casal volta a ser permitido. A função do micvê está em seu poder de transformação espiritual, em seu poder de renovação.
As leis que tratam das relações íntimas entre um casal são chamadas de Nidá e nos referimos ao conjunto de leis como Taharat Hamishpachá (Pureza Familiar). Basicamente, a cada ciclo, a mulher muda de status tanto espiritual quanto físico. Passa de um plano em que possui um potencial criativo para outro, no qual, ao ocorrer a menstruação, este potencial desaparece. Esta alteração na mulher implica numa mudança no relacionamento do casal. É um período de total afastamento físico, chamado em hebraico de Nidá, que significa "separado". O banho do micvê faz com que, espiritualmente, a mulher mude novamente de status, podendo assim voltar a ter relações íntimas com seu marido, até o ínicio do próximo ciclo.
Percebe-se, portanto, que, em termos físicos, o ritmo do casamento judaico é estabelecido por algo totalmente externo à vontade do casal: o ritmo biológico da mulher. Cabe a ela, e somente a ela, o controle dessa área tão importante da vida judaica. Santificando seu corpo e sua vida sexual, trará santidade ao seu relacionamento e, consequentemente, a todo seu lar. foi sugerido que, observando estas leis, o nível de percepção espiritual que a mulher atinge com o seu corpo é semelhante ao dos homens quando usam Talit e Tefilin.
As pessoas não familiarizadas com as leis de Nidá podem incorrer no erro de compará-las a antigos tabus presentes em varias sociedades, nas quais a mulher menstruada era discriminadas ou banidas do convívio social. Portanto, tais pessoas consideram as leis, além de arcaicas e primitivas, discriminatórias contra a mulher e aceitáveis só em épocas em que havia falta de higiene. No entanto, estas leis não têm nenhuma relação com higiene física. Prova disso é o fato de ser obrigatório para quem quiser banhar-se no micvê uma escrupulosa limpeza física antes do banho. Maimônides rejeitava com veemência as crenças e superstições sobre a menstruação, salientando o conteúdo espiritual dos ensinamentos judaicos.
À primeira vista, as leis parecem transmitir só restrições e uma perda de liberdade. Mas ao serem analisadas com mais profundidade, percebe-se uma formula que preserva, dentro do casamento, tanto o amor físico e emocional do casal, quanto o "espaço" de cada um. o relacionamento sexual é importante, porém não é o único componente do casamento, e as leis ensinam a ver "o outro" como um ser importante, com o seu próprio valor, sua individualidade, suas necessidades.

Colaboração blog Kehilat Tucuruvi

2 comentários:

  1. Shalom Rosh Yishai, minha dúvida é a seguinte durante o periodo de Nidá da mulher, como fica a questão a respeito de congregar, ela pode congregar normalmente?

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  2. Shabat shalom



    Entendemos que sim, a mulher pode congregar neste tempo, mas fica a critério dela. Este tempo faz menção a separação de seu marido, inclusive de dormir na mesma cama.



    Rosh Yishai

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